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Cena de "o lobo atrás da porta" / Divulgação |
O lobo atrás da porta completou 10 anos desde seu lançamento nos cinemas brasileiros. O longa rapidamente se consolidou como um clássico nacional, integrando a lista dos 100 melhores filmes brasileiros segundo a Abraccine.
Antes da crítica, eu preciso estabelecer que esse é um filme que vale muito a pena ser visto sem nenhum conhecimento sobre a obra. Basicamente é interessante saber que estamos diante de um thriller, estrelado brilhantemente por Leandra Leal, Milhem Cortaz e Fabiola Nascimento, tendo apenas essas informações sua experiência vai ser bastante elevada. Dito isso, siga a leitura por sua conta em risco, mas fique tranquilo que não teremos grandes spoilers.
O longa conta gira em torno do desaparecimento de uma criança, filha de Bernando (Milhem Cortaz) e Sylvia (Fabíola Nascimento). O caso fica sob o comando do delegado (Juliano Cazarré) que resolve interroga-los separadamente. Rapidamente se descobre a existência de Rosa (Leandra Leal) uma amante de Bernando que também é levada a delegacia e a partir daí o longa perpassa pelas versões do acontecimento.
O filme é livremente inspirado no caso criminoso fera da penha, um dos crimes mais cruéis e famoso do país. Logo, é evidente que se trata de uma obra que não é simples tampouco fácil de digerir. O filme é denso, pesado e difícil, faz você terminar com um nó no estômago. E conseguir causar isso no espectador não é fácil, por isso estamos diante de um trabalho muito competente.
Em 2024 já temos um número bem relevante de filmes sobre casos criminosos terríveis que não dão um propósito a sua existência, apenas usam da fama do caso violento para atrair o público para uma obra genérica de true crime com um personagem "psicopata", um policial e/ou um jornalista investigando o caso e finaliza com um discurso moral sem consistência, esse aqui não é o caso.
Temos aqui um filme sólido, que sabe muito bem o que está fazendo. Não é um filme sobre verdades absolutas, estamos vendo a narrativa dos interrogados, e tudo é muito bem colocado e planejamento até mesmo a não linearidade.
Além do trabalho fantástico dos atores, do roteiro e da direção tem um elemento aqui que trás uma personalidade ainda maior para o longa: a identificação.
Os locais são reconhecíveis, a linguagem utilizada é popular, as pessoas são comuns e as roupas que eles usam, faz parecer que esse é um caso que poderia ter acontecido no meu bairro e isso o deixa ainda mais aterrorizante.
Esse é um daqueles filme que foi completamente injustiçado em sua bilheteria, rendendo apenas 26.710, segundo a ancine. Isso evidencia mais uma vez o péssimo trabalho de divulgação e marketing do cinema nacional, pois tenho certeza absoluta que esse filme só não é amplamente aclamado pois não é conhecido.